Partido da Terra-MPT homenagea a memória e o legado de Gonçalo Ribeiro Telles por ocasião do 100.º aniversário do seu nascimento

Faz hoje, dia 25 de maio, cem anos que Gonçalo Ribeiro Telles nasceu em Lisboa, cidade que, pelo seu compromisso ecológico, político e cívico, marcou de forma indelével.

Gonçalo Ribeiro Telles licenciou-se no ano de 1950 em Engenharia Agrónoma e Arquitectura Paisagista no Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa, onde foi assistente e discípulo de Francisco Caldeira Cabral.

Enquanto académico, foi ainda fundador da licenciatura de Arquitectura Paisagista na Universidade de Évora, onde dirigiu o Departamento de Planeamento Biofísico e Paisagístico e orientou vários trabalhos para obtenção dos graus de licenciatura, mestrado e doutoramento, e que em 1994 lhe outorgaria o Doutoramento Honoris Causa.

Católico e monárquico convicto, cedo se envolveu em movimentos de oposição ao regime do Estado Novo, tendo no pós 25 de Abril assumido diferentes cargos políticos, sendo o responsável pelo lançamento da política de ambiente, de ordenamento do território e de qualidade de vida em Portugal.

Enquanto deputado à Assembleia da República, são da sua responsabilidade as propostas da Lei de Bases do Ambiente, da Lei da Regionalização, da Lei Condicionante da Plantação de Eucaliptos, da Lei dos Baldios, da Lei da Caça e da Lei do Impacte Ambiental.

Da sua passagem pelo Governo (foi subsecretário de Estado do Ambiente nos I, II e III Governos Provisórios,  Secretário de Estado do Ambiente no I Governo Constitucional e Ministro de Estado e da Qualidade de Vida, no VIII Governo Constitucional), nasceu um conjunto de decretos-lei que foi determinante para a definição de uma política de ambiente e de paisagem, destacando-se a Reserva Agrícola Nacional, a Reserva Ecológica Nacional e os e os instrumentos fundamentais para o ordenamento municipal (PDM) e regional (PROT).

Fundou o Partido Popular Monárquico, onde se manteve até 1985, tendo de seguida sido eleito Vereador da Câmara Muncipal de Lisboa pelo Movimento Alfacinha, que esteve na génese da criação do Partido da Terra – MPT, que fundou oito anos mais tarde e que liderou até 2007, permanecendo como seu Presidente Honorário até à sua morte.

Em Lisboa, os seus projectos mudaram não só a imagem da cidade, como também a forma como os habitantes a vivem: além do desenho dos jardins da Fundação Calouste Gulbenkian (um projeto em coautoria com António Viana Barreto, que lhe valeu o Prémio Valmor de 1975), desenhou, entre 1998 e 2002, um conjunto de projetos que definem as estruturas verdes principais e secundárias da área metropolitana de Lisboa: o Vale de Alcântara e a Radial de Benfica, o Vale de Chelas, o Parque Periférico, o Corredor Verde de Monsanto e a Integração na Estrutura Verde Principal de Lisboa da Zona Ribeirinha Oriental e Ocidental.

Mas o seu traço não se limitou a Lisboa. Foram também gizados pela sua mão, entre muitos outros projectos, o Parque Municipal da Moita (o primeiro Parque Urbano do nosso país), a Mata dos Medos, em Almada, ou o Vale das Abadias, na Figueira da Foz.

Da sua intervenção pública na área da cultura destaca-se o papel central que teve em 1945 na fundação do Centro Nacional de Cultura, de que era o sócio n.º 1.

Além de inúmeras distinções a nível nacional e internacional, recebeu em 2013 o Prémio Sir Geoffrey Jellicoe, o “Nobel” da Arquitetura Paisagística, atribuído pela Federação Internacional dos Arquitectos Paisagistas.

No dia em que faria cem anos, homageemos a sua memória e o seu imenso legado.

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