Estudante universitário em tempos de pandemia

Laura Marques – Estudante Universitária

P-a-n-d-e-m-i-a, uma palavra que ainda há um ano atrás parecia nascer e não representar nada em especial e hoje tem um efeito avassalador na vida de muitas pessoas. Nos dias de hoje, rima com medo de sair de casa, de interagir, de viver. Rima com obrigatoriedade de ficar em casa, acompanhando as tarefas escolares a partir de uma secretária improvisada e uma cadeira desconfortável.
Celebramos agora um ano da passagem do ensino para online e a minha questão é: haverá realmente motivos para celebrar? Num ponto de vista universitário, compete-me dizer que não. É certo e inegável que foi tomada a melhor decisão quanto ao encerramento das escolas, uma vez que nos estamos a proteger, não só a nós, bem como as nossas famílias. No entanto, surge uma terrível solidão quando se observa a forma como caminhamos estes tempos considerados como “os melhores anos da nossa vida”, a universidade. Em primeiro lugar, refiro-me aos caloiros que se encontram a ter praxe via zoom, desconhecendo por completo a adrenalina e espírito de equipa que se formam nos desafios da praxe. Degrada-se uma bonita tradição que traz amizades, impossibilitando a vivência da experiência por completo. Já na sala de aula batizada de “zoom”, as experiências também não são as melhores. Surge uma grande dificuldade de assimilar a matéria de forma correta, dificultando a aprendizagem dos alunos. Sente-se a falta de contacto com os professores no esclarecimento de dúvidas, uma vez que algumas pessoas não se sentem à vontade para questionar em público. Em algumas cadeiras, sente-se a desmotivação dos professores pela falta de cooperação dos alunos na participação das aulas ou mesmo para ligar as câmaras. Estes tendem a sentir-se sozinhos e transparecem este sentimento nos seus discursos. Ligada a esta desmotivação de parte em parte, surge a ansiedade ligada à novidade do que é ter frequências online e a dificuldade de realizar trabalhos de grupo. A falta de socialização entre colegas requer um estudo ainda mais autónomo, e traz consigo a frustração de não sentir apoio.
Estaremos realmente a viver os melhores anos da nossa vida? Não. Toda a experiência universitária foi alterada e condicionada por uma crise sanitária que não se vê, mas faz-se sentir pelo desgosto de muitas pessoas. Serão, estes tempos, recordados como os anos em que a pandemia passou pela Terra, deixando para sempre uma marca em todos os nossos corações.

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