Após duas semanas de intensas negociações, os representantes de mais de 200 países presentes na COP28 chegaram finalmente a um acordo que, pela primeira vez, apela para “uma transição para o abandono” dos combustíveis fósseis até 2050.
Lamentamos que este texto, indo mais longe do que a versão anterior, continue, no entanto, sem mencionar directamente a eliminação dos combustíveis fósseis (principalmente do carvão, cujo consumo mundial continua a aumentar, apesar do acordo alcançado há dois anos na COP26 em Glasgow), nem inclua quaisquer datas ou metas para a redução do consumo de petróleo, cedendo, assim, às pretensões da Arábia Saudita.
O Partido da Terra-MPT, que já considerara muito preocupante esta cimeira ter sido liderada pelo Sultão Ahmed Al Jaber (presidente da quarta maior empresa de combustíveis fósseis do planeta, a Abu Dhabi National Oil Company) e ter tido a indústria do petróleo como uma das maiores delegações, considera que este texto, que muitos apelidam de “histórico” por, pela primeira vez em 30 anos de conferências do Clima da ONU ter incluído as palavras “combustíveis fósseis”, é uma verdadeira desilusão para a política de descarbonização, tanto europeia, como global, e para quem esperava mais solidariedade financeira da parte dos países que têm beneficiado mais do paradigma dos combustíveis fósseis para com aqueles que são mais afectados pelas mudanças climáticas.
Também no que respeita ao nosso país, importa lembrar que, apesar de estar entre os 123 países que se comprometeram a triplicar a produção de energias renováveis e a duplicar a eficiência energética até 2030, tem ainda subsídios fósseis por eliminar, como é o caso da isenção em sede do Imposto sobre Produtos Petrolíferos.
O Partido da Terra, único partido português ecologista 365 dias por ano, esperava e desejava que o texto final que resultasse do consenso entre as Partes no Dubai, pudesse fazer desta COP um ponto de referência para o futuro que contemplasse a necessidade de substituir com urgência a utilização de combustíveis fósseis no sector da energia já nesta década.
O futuro da humanidade e do Planeta exigia mais de todos!